ATUALIDADES:
VESTIBULAR E ENEM

O DEVASTADOR IMPACTO DO EBOLA
Doença infecciosa facilmente transmissível se espalha por países da África Ocidental, causa a morte de milhares de pessoas e apavora o mundo

Uma doença pouco conhecida, assustadora e altamente letal espalhou-se por países do oeste da África e ganhou as manchetes mundiais durante o primeiro semestre de 2014. Aos poucos, mais pessoas passaram a ouvir falar do ebola, que dá nome ao vírus e à infecção. Na verdade, a doença havia começado a se espalhar, lentamente, em dezembro de 2013, na Guiné, mas os casos só foram reconhecidos como ebola em março de 2014. Nos meses seguintes, o vírus se espalhou para outros países, principalmente os vizinhos Libéria e Serra Leoa, mas também para Nigéria, Senegal e Mali.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em agosto de 2014, declarou o surto da doença uma emergência de saúde pública internacional e reconheceu que era o mais grave dentre os já registrados na história da doença, seja em números de casos, seja em mortes.  No final de fevereiro de 2015, haviam sido contabilizados mais de 23 mil casos do ebola no surto atual, com 9.600 pessoas mortas.
O número de novas infecções estava em queda, representado, para a OMS, "um primeiro sinal otimista", resultado das medidas de emergência tomadas. No Senegal, Nigéria e Mali, a doença não havia progredido. Na Europa e nos Estados Unidos, houve casos esporádicos em pacientes vindos dos países afetados. Na Guiné, Libéria e Serra Leoa, o ebola é uma ameaça presente, ainda que em retrocesso.
VÍRUS PERIGOSO
Uma pergunta inicial que se pode fazer é: por que o vírus demorou tanto para ser contido? Por que se deixou que ele se tornasse uma emergência internacional, a ponto de mobilizar os serviços de saúde de todos os países - e não apenas dos afetados - e de que fosse preciso acalmar a população aterrorizada com a possibilidade de uma epidemia mundial?
Em primeiro lugar, porque a epidemia começou em locais muito pobres, com pouca assistência de saúde e poucos meios para ser diagnosticado. Assim, pôde se espalhar sem ser percebida pelas autoridades.
A infecção pelo ebola é muito grave e mortal, e se manifesta por hemorragia e febre alta, dor abdominal, fraqueza, vômito e diarreia. Mas, no período de incubação da doença, de até 21 dias, não há sintomas nem ocorre a transmissão a outras pessoas. Nesse período, pessoas contaminadas podem se deslocar e levar o vírus a outras regiões ou países sem saberem que estão doentes.
Quando o mal se manifesta, porém, passa a ser altamente contagioso. Os fluidos corporais do doente, mesmo o suor, contaminam outras pessoas pelo simples contato. Quanto ao doente, o quadro se agrava rapidamente e o risco de morte é muito elevado. Trata-se de um vírus para o qual até agora não existe remédio nem vacina plenamente desenvolvidos, mas apenas em fase de testes, atingindo poucos pacientes.
Sua origem, pelos estudos, é animal. Acredita-se que a transmissão para os humanos ocorreu por contato com espécimes infectados, como chimpanzés, antílopes ou morcegos frutívoros - estes últimos são os hospedeiros naturais da doença. Ao se adaptar à espécie humana, o vírus ebola passou por mutações, disseminando-se pelo contato com fluidos corporais contaminados.

DOENÇA RECENTE
Os primeiros registros de ebola não passam de algumas décadas. A manifestação mais antiga registrada ocorreu em 1976, com surtos simultâneos em Yambuku, na República Democrática do Congo (RDC, que na época chamava-se Zaire), na África Central. Desse surto veio o nome da doença, pois Yambuku fica às margens do Rio Ebola. Outros surtos ocorreram nas décadas seguintes nas aldeias do Congo, novamente na RDC, no Gabão, no Sudão e em Uganda, todos países limítrofes, matando no total quase 1.500 pessoas. Algumas vezes, profissionais de saúde e cientistas contraíram o vírus de pacientes e animais infectados. Em todos os casos, o ebola nunca havia alcançado centros urbanos e capitais dos países, ocorrendo sempre quase em lugares isolados.

Em tese, o ebola seria de fácil contenção, pois não é transmitido pelo ar, como é o caso da gripe; nem por alimentos e água contaminada, como a diarreia; nem por picadas de mosquito, como a dengue. É possível impedir a sua transmissão com práticas básicas de saúde pública, como o diagnóstico rápido, o isolamento dos pacientes e o uso de equipamentos de segurança. É por isso que médicos e profissionais da saúde em contato com os doentes usam sempre luvas, máscaras, óculos de proteção e materiais descartáveis.
Além disso, a alta taxa de mortalidade reduz a disseminação mais generalizada do vírus, uma vez que o doente não se torna portador crônico, como ocorre com o HIV, por exemplo, e a pessoa curada não retransmite a doença.

POBREZA
Para o epidemiologista Peter Piot, que descobriu o vírus em 1976, é difícil crer que o ebola possa se tornar uma epidemia na Europa ou nos Estados Unidos, por serem regiões com serviços públicos de saúde e de higiene adequados para conter a transmissão, e o controle pode ser feito já nos aeroportos. Isso não acontece nas cidades africanas de grande população, pois têm poucos recursos.
Os três países mais atingidos no ano passado - Guiné, Serra Leoa e Libéria - são muito pobres, apresentam grande incidência de doenças infecciosas e registram alguns dos piores índices econômicos e sociais do mundo, além de possuírem um histórico de conflitos políticos violentos e crônicos. A infraestrutura de atendimento à saúde é precária e as cidades atingidas quase não dispõem de hospitais e de profissionais da saúde. Por isso, há poucas condições de controle de infecção. Os doentes costumam percorrer vários hospitais sem encontrar atendimento, e muitos ou morrem abandonados ou acabam voltando para suas casas, onde recebem cuidados de parentes que também acabam contaminados. Vários escondem a doença enquanto podem, para não serem estigmatizados.
Somando-se a esse quadro, práticas culturais e religiosas contribuíram para a disseminação do vírus. O contato direto com cadáveres, durante os rituais fúnebres tradicionais, por exemplo, se tornou uma das principais formas de transmissão da doença na atual epidemia. Os profissionais de saúde também foram vítimas da situação. Muitos se infectaram ao atender doentes sem equipamentos adequados, ou por terem, a princípio, confundido os sintomas do ebola com outras doenças comuns na região, como infecções intestinais, malária e febre tifoide.

Em setembro de 2014, o primeiro caso de ebola registrado fora do continente africano ocorreu nos Estados Unidos. Um liberiano vindo havia alguns dias de seu país foi diagnosticado como portador do ebola e morreu quando visitava sua família no Texas. Depois, houve o diagnostico da doença em duas enfermeiras que o atenderam, que conseguiram se recuperar e receberam alta. Um médico norte-americano, que atuou na Guiné pela organização Médico Sem Fronteiras, também manifestou a doença depois de voltar para os Estados Unidos, bem como uma enfermeira da Espanha, contaminada ao cuidar de dois missionários espanhóis em Serra Leoa. Os dois acabaram morrendo, mas a enfermeira se curou. Alemanha, Noruega, França, Itália, Suíça e Reino Unido também receberam pacientes que contraíram o vírus na África Ocidental.
No Brasil, houve um caso suspeito, registrado em outubro: um trabalhador guineense procurou o serviço de saúde em Cascavel (PR) após ter febre (veja abaixo) , mas os exames descartaram a doença.
SAIU NA IMPRENSA
CASCAVEL TEM CASO SUSPEITO DE EBOLA E ISOLA PACIENTE
Autoridades sanitárias brasileiras investigam o primeiro caso suspeito de ebola no país. Ele foi comunicado na noite desta quinta-feira pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná ao Ministério da Saúde. Informações preliminares indicam que o paciente de 47 anos, veio de Conacri, capital da Guiné, com escala em Marrocos.
O paciente foi encaminhado para um hospital de referência de Cascavel, no Oeste do Paraná, e material foi coletado para exames. A expectativa é a de que na sexta as amostras sejam enviadas para o Instituto Evandro Chagas (...)
A Secretaria da Saude do Paraná (Sesa) informou que o homem chegou ao Brasil em 19 de setembro. O paciente relatou que teve febre na quarta-feira e na manhã desta quinta-feira. (...) O Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, afirmou que, embora baixo, existe o risco de o Brasil registrar um caso da doença.
AGÊNCIA ESTADO, 9/10/2014
DOENÇA NEGLIGENCIADA
O ebola permanece à lista das chamadas "doenças negligenciadas". Consideradas endêmicas (características apenas de certas regiões) e circunscritas a populações de baixa renda, essas doenças não costumam ser objeto de estudos para a produção de medicamentos - pois os grandes laboratórios internacionais não veem no desenvolvimento de remédios um potencial de lucro. É o caso de doenças tropicais, como a malária, o mal de Chagas, a esquistossomose e a dengue. No caso do ebola, só após a doença tornar-se uma emergência mundial, capaz de atingir a Europa e os Estados Unidos, começou uma corrida contra o relógio para desenvolver remédios ou vacinas.
Em agosto de 2014, os cientistas conseguiram concluir o sequenciamento genético do vírus, para melhorar o diagnostico e ajudar no desenvolvimento de vacinas e medicamentos. Até o início de 2015, só um remédio experimental (ZMapp) havia sido usado no tratamento de doentes, mas em um número reduzido de pessoas. Embora alguns tenham se recuperado, os resultados não eram significativos. Uma vacina estava sendo testada em voluntários na Libéria.
A ONU defendeu a ampliação dos investimentos preventivos em saúde nos países mais atingidos, para que seja possível evitar que doenças como ebola se alastrem sem controle e possam se espalhar no mundo.
RESUMO
EBOLA: É uma grave doença causada por um vírus do mesmo nome. Manifesta-se por hemorragia e febre alta, dor abdominal, fraqueza, vômito e diarreia. Leva à morte em mais da metade dos casos. A transmissão se dá pelo contato com fluidos corporais (sangue, vômito) de pessoas com o vírus ou com ambientes onde haja vestígios desses fluidos.
OCORRÊNCIA: O ebola foi descoberto em 1976 na República Democrática do Congo, na região do Rio Ebola, e no Sudão. Depois disso, houve surtos esporádicos em países da África Central. No ano passado, apareceu na Guiné, Serra Leoa e Libéria. Senegal, Nigéria e Mali também registraram ocorrências, mas foram depois declarados livres da doença.
TRATAMENTO: Não existe remédio ou vacina contra o ebola, apenas terapias experimentais e cuidados para evitar os sintomas. A expansão da doença pode ser controlada com diagnóstico rápido, isolamento de pacientes e o uso de equipamentos de proteção.
DISSEMINAÇÃO: O atual surto de ebola espalhou-se devido à grande movimentação de pessoas na fronteira dos países mais atingidos e à falta de serviços de saúde e de atendimento na região, que é muito pobre. Os três países registram alto índice de doenças infecciosas e índices econômicos e sociais muito ruins.
OUTROS PAÍSES: Fora da África, os casos de ebola foram esporádicos e concentrados em viajantes ou profissionais de saúde que atenderam os pacientes. No Brasil, houve uma suspeita infundada.
DOENÇAS NEGLIGENCIADAS: São doenças infecciosas antigas, como malária, dengue e mal de Chagas, e outras recentes, como o ebola. Manifestam-se principalmente em países com estruturas precárias de saúde. Recebem esse nome porque as empresas farmacêuticas têm pouco interesse em desenvolver vacinas e medicamentos para elas, pois não há boas perspectivas de lucros.


Informações retiradas do livro ATUALIDADES: VESTIBULAR + ENEM - 1º Semestre de 2015, págs. 156, 157, 158 e 159.
SUGESTÃO PARA LEITURA
Sugerimos que você complemente sua leitura com a notícia TESTE PARA VACINA CONTRA EBOLA MOSTROU-SE EFICAZ NA ÁFRICA, SEGUNDO A OMS. A mesma é recente e traz as últimas informações sobre experimentos de vacinas e medicamentos contra a doença. Clique sobre o título destacado para ser direcionado à página da notícia.
SUGESTÃO
Separamos um vídeo em que o Dr. Drauzio Varela fala com um especialista sobre a epidemia Ebola. O vídeo está em português e as imagens são do You Tube.
A seguir, a notícia de que o paciente suspeito, foi enfim diagnosticado sem a doença. As imagens são da TV Aparecida e do You Tube. O idioma é o português.




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